Destaque Jovem no Piano : O Caminho de Arthur Yagiu e a Força dos Grandes Pianistas Brasileiros

A história da música é feita de notas, sim. Mas também de gestos silenciosos: a mão que apoia, o ouvido que escuta com paciência, o olhar que acredita antes mesmo do som acontecer. Ao longo do tempo, o Brasil viu surgir grandes pianistas que, mais do que dom, carregavam dentro de si um amor indomável pela música e uma capacidade admirável de resistir  e persistir.

 

Eudóxia de Barros brilhou desde a infância, graças a uma família que via na cultura um bem essencial.

Nelson Freire, ainda menino, encontrou no piano um refúgio diante das limitações físicas, e nunca deixou de reconhecer que foi a música que o salvou.

João Carlos Martins atravessou dores profundas, mas transformou cada cicatriz em arte.

Arthur Moreira Lima entendeu que seu verdadeiro palco era o Brasil inteiro, levando seu piano para os rincões do país, em um caminhão-palco que tocava corações.


Cada um deles trilhou um caminho único, e hoje, um novo nome ecoa com esperança nessa mesma trilha: Arthur Ryu Nakayama Yagiu , um jovem pianista de apenas 12 anos, desde 2023 estudante da Academia Serenarte, é orientado pela professora Thais Salgado.

Arthur Yagiu


No universo do piano, navegando com igual encantamento pela música erudita e pela popular, já revela um talento promissor, como também algo ainda mais precioso: a coragem de se expor, de tentar, de crescer com cada desafio.

Foi essa coragem que o levou a se inscrever, por iniciativa própria, na segunda edição do Concurso Jovens Pianistas, realizado no charmoso palacete da Pinacoteca Benedicto Calixto, na cidade de Santos/SP. Muitos jovens se inscreveram. Arthur foi selecionado e superou fases eliminatórias da competição.

 

Arthur se apresentando na Pinacoteca Benedicto Calixto

Na comissão avaliadora, uma presença que dava ao momento uma aura especial: Carolina Ramos, poetisa, professora, musicista e escritora, conhecida como a Primeira Dama da Trova Brasileira. Aos 101 anos de idade, Carolina é um exemplo vivo daquilo que a arte pode fazer com uma vida — e daquilo que uma vida pode fazer pela arte. Sua presença foi, para Arthur e todos os participantes, mais que uma honra. 



Participar de um concurso e subir ao palco é aceitar desafios e descobrir a própria força. O brilho nos olhos de Arthur ao sair do palco não era o de quem buscava vitória imediata — era o de quem sabia que cresceu por dentro.

 

A música tem esse poder: ensina com doçura e firmeza. Ensina que o erro não é fracasso, mas parte do processo. Ensina paciência, escuta, memória, coordenação, disciplina e sensibilidade. E ensina, sobretudo, que a beleza se constrói com o belo, como as grandes obras que se revelam lentamente, nota por nota, gesto por gesto.


 

Como disse com sabedoria Artur da Távola:



Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão. 

 

Arthur Yagiu ainda está no início de seu caminho, mas ele já vive, com intensidade, aquilo que os grandes viveram: a experiência da tentativa, o prazer em superar limites, o valor de quem caminha ao seu lado. 

Sua professora Thaís acredita nele. Sua família o sustenta com amor. E isso, como mostraram os mestres da nossa história, é o que realmente forma um músico para a vida inteira.




Com gratidão e reconhecimento, Academia Serenarte parabeniza a equipe organizadora do concurso Jovens Pianistas, que valoriza o talento com sensibilidade e oferece oportunidades reais de crescimento; A Pinacoteca Benedicto Calixto, por abrir suas portas à juventude da arte, e ao diretor artístico Fábio Luiz Salgado, cuja dedicação torna esses encontros possíveis e memoráveis; A Carolina Ramos, que com seus mais de cem anos de vida dedicada à palavra, à música e à educação, nos lembra:  “Quem vive pela arte jamais envelhece, pois carrega na alma a juventude eterna das emoções que nunca se apagam.”


Foto1: Escritora Carolina Ramos, Professora Thaís, Thelma , Arthur , Jean  e Juliana.
Foto2: Professora Thaís, Arthur e  diretor Fábio Luiz

 

Com especial carinho à família de Arthur, pais, irmãos, avós, que o acompanham com ternura e firmeza em cada passo. É no seio da família que se aprende, antes mesmo de tocar um instrumento musical, o compasso da vida: o respeito pelo tempo do outro, o valor do esforço silencioso, a beleza de não desistir.

A presença constante dessa rede de afeto —que apoia, escuta, acolhe e vibra a cada pequena conquista — é o alicerce invisível que sustenta o crescimento de Arthur. Porque mais do que aplausos, um jovem artista precisa de amor verdadeiro, de exemplos diários, de gestos simples que dizem: “Estamos aqui, sempre que você precisar. ”

É nesse solo fértil de confiança e incentivo que a música floresce de verdade. E é por isso que cada nota que Arthur toca também carrega, sem que se veja, a força do que ele aprende em casa: valores, raízes, afeto e fé no próprio caminho.